quarta-feira, 6 de novembro de 2019

O conceito pervertido de progresso e a defesa da ditadura

Há muito se discute o desenvolvimento, que é uma parte importante do progresso, mas, convenhamos, não o progresso no seu todo. Quando gente da laia de Bolsonaro fala em desenvolvimento, normalmente você pode reduzir a leitura do que foi dito a desenvolvimento econômico, que quer dizer mais recursos produzidos, sem nem pensar na forma como esses recursos serão distribuídos. Desenvolvimento na boca dessa gente é mais riqueza nas mãos dos mais ricos. Que sejam atropelados no processo, todos os demais, todas as categorias sociais que não se incluem nas chamadas “classes produtivas”. Tão grave é o reducionismo que os trabalhadores, sejam rurais, industriais ou da área de serviços, nunca são incluídos nas estatísticas desse tal desenvolvimento econômico: pretos, pobres, índios, favelados, boias-frias, biscateiros e tantos outros trabalhadores que geram riqueza com seus músculos e cérebros são tratados como se fossem peças substituíveis de uma máquina que deve gerar riqueza para quem tem dinheiro. Não por acaso, o desenvolvimento tecnológico está sempre buscando uma forma de desenvolver máquinas e métodos que diminuam sempre a necessidade de mão de obra para que os donos do dinheiro possam pagar menos e os trabalhadores tenham que se submeter à falta de poder de barganha na hora de lutar por melhores salários e melhores condições de trabalho. É nessa linha de pensamento ultraliberal, mas também um tanto fascista, que Bolsonaro declara agressivamente, como é do seu estilo ou da sua falta de estilo, que servidores de órgãos ambientais que atrapalham “o progresso” têm de ir atrapalhar na “ponta da praia”, lugar de execução durante a ditadura militar no Rio de Janeiro. O componente mais grave do novo/velho discurso do monstro que (des)governa o Brasil é que a “Ponta da Praia” é uma casa de horrores onde se matava gente na tortura durante ditadura militar tão amada por Bolsonaro e seus filhos, os três irmãos metralhas. Não fossem tão acovardados o Supremo Tribunal Federal e demais órgãos cuja missão é defender a lei, Bolsonaro seria cassado, porque é mais grave – pasme – falar em mandar alguém para a “Ponta da Praia” que pedir de volta o AI-5, que, por si só, é suficiente para cassar um nazista infiltrado na vida democrática do Brasil. Mas o ódio ao PT cegou o Brasil, como o pódio aos judeus cegou a Alemanha nas décadas de 30 e 40 com todos os resultados nocivos que mancham a história da humanidade para séculos sem fim, amém.


POR FALAR EM AUSTERIDADE
Sempre falam em austeridade quando querem comparar os líderes petistas com os da direita. Sempre pintam os esquerdistas como perdulários e querem fazer crer que os direitistas são honestos e econômicos. Mas, vale a pena comparar os gastos com o cartão corporativo dos petistas com Bolsonaro. Lula gastou, em média, R$ 300 mil por ano e Dilma, R$ 350 mil. Uma média aproximada dos R$ 30 mil mensais. Bolsonaro, em nove meses, atingiu a marca de R$ 8,2 milhões. Ou seja, mais de R$ 800 mil por mês. Quase três vezes, por mês, o que Lula e Dilma gastavam por ano.

POR FALAR EM AUSTERIDADE II
Luis Costa Pinto fez um levantamento. Ao ter saído do Palácio da Alvorada, o ex-presidente José Sarney tinha à sua disposição a Ilha do Curupu, litoral de São Luís (MA), e o sítio do Pericumã, em Brasília (DF), ambos adquiridos no curso do mandato. Fernando Henrique Cardoso deixou o bonito e austero apartamento da Rua Maranhão em Higienópolis para ir morar em um espetacular apartamento novo no mesmo bairro, na Rua Rio de Janeiro, em São Paulo (SP) – adquirido de amigos empresários.

POR FALAR EM AUSTERIDADE III
Fernando Collor, apeado do poder, exilou-se em Miami numa vida de luxo e Ferraris. Itamar Franco pediu e obteve um retiro remunerado em Lisboa e depois em Roma, como embaixador, e ficava deslumbrado na Quinta e no palácio em que morou. Lula voltou a São Bernardo, ao mesmo apartamento de onde saíra para a Presidência e onde reside até hoje, apesar das tentativas de lhe darem novo endereço (jamais provadas). E Dilma regressou à Tristeza, seu bairro em Porto Alegre (RS), numa austeridade de dar orgulho a quem ainda crê que há algo em que se crer.

POR FALAR EM AUSTERIDADE IV
Talvez, seja a hora de começar a comparar a quantidade de imóveis que a família Bolsonaro tem, em relação à da família de Lula. Nem precisa registrar quem frequenta esses imóveis, para saber quem é bandido...

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