quinta-feira, 3 de abril de 2014

Carta aberta a militantes e simpatizantes do PT de Mossoró - parte I

Este momento em que me dirijo ao PT mossoroense é, antes de qualquer coisa, um momento de gratidão. Somos gratos a todos os petistas mossoroenses e de instâncias partidárias superiores, no âmbito regional e nacional, pelo apoio que deram ao nosso nome: Joaquim Crispiniano Neto, para ser candidato a prefeito de Mossoró nas eleições suplementares antes marcadas para 2 de fevereiro de 2014. Foi um gratificante reconhecimento pelos nossos 34 anos de filiação, militância e vida inteiramente dedicadas à construção do PT por um Brasil, um RN e uma Mossoró melhor. Somos profundamente gratos a todos os petistas que, diante de uma avaliação responsável e serena, em 29 de dezembro de 2013 decidiram por sugestão nossa, retirar a candidatura própria e somar forças com o prefeito interino Francisco José Júnior, do PSD, por entender que não devia deixá-lo cair no isolamento que os grupos oligárquicos estavam armando para emparedá-lo. Acima de tudo, nos inspirou a esta decisão, a responsabilidade de não permitir que a interinidade se configurasse em instabilidade administrativa e política que estava sendo alardeada contra o prefeito interino e, por conseguinte, contra o município de Mossoró, com o fim de fazer voltar ao poder as forças que chegaram à prefeitura por meios totalmente repudiados pela Justiça Eleitoral, num dos maiores vendavais de cassações já vistos em todo o País, atingindo as duas candidaturas oligárquicas. Acima de tudo, lideramos esta opção de nos somarmos ao prefeito interino por pertencer ele aos quadros de um partido da base aliada de apoio ao Governo Dilma Rousseff, do PT, mesmo sabendo-se que seu histórico nas relações com o PT representava um grave risco, por não ser uma parceria confiável. Somos particularmente gratos aos companheiros e companheiras do PT estadual que, inspirados na posição sensata e corretíssima de Mossoró, aceleraram as conversações e o processo de aproximação do PT com o PSD no plano estadual, configurando-se a possibilidade concreta de composição da chapa Fátima Bezerra (PT) para o Senado e Robinson Faria (PSD) para governador, rompendo com a imobilização que reinava diante do jogo sórdido que vinha sendo encabeçado pelo deputado Henrique Eduardo Alves que articulava as forças reacionárias e antidilma e manipulava com o fito de isolar o PT/RN. Somos gratos a todos os companheiros e companheiras que acompanharam a nossa posição, votando no diretório municipal, em prol da parceria político-administrativa com o prefeito Francisco José Júnior, em que ele convidava o PT a indicar o secretário de Saúde e o subsecretário de Agricultura, além de indicar o candidato a vice-prefeito na sua chapa. Foi uma decisão apertada, mas ganhamos por dois votos de maioria e, mesmo assim, conseguimos unificar o partido nas semanas seguintes, convencendo as correntes perdedoras de que poderíamos construir ali uma alternativa à mesmice autoritária e patrimonialista que domina a política mossoroense há muitas décadas. Somos muito gratos pela compreensão de todos por não forçarem a ocupação das secretarias prometidas para não estimular o discurso da “instabilidade administrativa” que vinha sendo esgrimido contra o prefeito pelos advogados de defesa da prefeita cassada e afastada. Somos particularmente gratos a todos os filiados e filiadas do PT de Mossoró, pertencentes às oito correntes (tendências) internas, enfileiradas em dois campos de forças que, através de negociações sérias, transparentes e éticas chegaram a um consenso em torno do nosso nome para compor a chapa na condição de vice do prefeito/candidato Francisco José Júnior, do PSD. Não podemos deixar de expressar uma gratidão especial pelos que somaram-se a nós compondo uma força capaz de vencer qualquer prévia, viabilizando assim evitar mais uma disputa interna depois de um período de desgastes por que o partido vem passando no âmbito local. Somos gratos à comissão de negociação política que nos levou ao apartamento do prefeito Francisco José Júnior há três semanas para anunciar que o nome de consenso no PT para ser seu vice, era: Joaquim Crispiniano Neto. Anúncio este que foi verbalizado pelo vereador Luiz Carlos Mendonça Martins, que havia retirado sua pré-candidatura para apoiar o nosso nome, juntamente com todas as correntes do campo que emprestava apoio à sua postulação. Somos gratos aos amigos e admiradores que nos abordaram durante mais de um mês dizendo que não gostariam de votar no prefeito interino, mas devido à nossa presença na chapa, iriam dar, literalmente, um voto de confiança. Somos gratos ao vários dirigentes partidários que após conversarem com o prefeito interino vinham confirmar conosco a disposição de formar chapa com ele e, diante da nossa resposta afirmativa diziam ser este um dos motivos que os animava a marchar juntos por uma renovação na política mossoroense. Somos especialmente gratos aos servidores municipais, desde motoristas e auxiliares de serviços gerais, até os membros do secretariado que nos trataram com a maior distinção durante os dias que frequentamos o Palácio da Resistência e as secretarias. De modo que estranhamos o excesso de discrição do prefeito em não divulgar a composição Silveira-prefeito/Crispiniano-vice, mesmo que na condição de pré-candidatos, o que evidentemente não fere a legislação eleitoral. Não bastasse ele próprio calar, ainda nos pediu que não divulgasse esta decisão para evitar problemas com a Justiça Eleitoral.  Pacto de silêncio que cumprimos à risca porque, em nome da confiança, não entendermos que se tratava de uma artimanha para deixar opaco o nosso nome e facilitar o golpe que eminências pardas que têm o controle da campanha preparavam contra nós. Fora da mídia por mais de vinte dias, o prefeito apresentou ao partido uma pesquisa que não tinha sido posta na mesa como critério de escolha de candidato a vice. Como se não bastasse, se arvorou o direito de escolher o vice que o PT indicaria, postura, claramente considerada pelo PT, em qualquer recanto do Brasil, como intromissão indébita. Diante do exposto, comunicamos que já pedimos afastamento da assessoria do prefeito, na qual estávamos para conhecer melhor a máquina administrativa e onde demos uma modesta, mas significativa contribuição. Outrossim, retiramos o nosso nome de qualquer processo de escolha do vice que irá formar chapa com o prefeito Francisco José Júnior, por entender ser ilegítima qualquer escolha que venha se dar por pressão externa e após o partido ter decidido por um nome. Entendemos que qualquer participação nesta chapa coloca o PT de Mossoró em posição subalterna, tanto quanto aconteceu em 2012 com graves prejuízos ao partido, aprofundando os traumas daquele processo esdrúxulo. Errar, como o partido errou em 2012, foi desumano; permanecer no erro e na subserviência, é historicamente comprometedor para um partido que nasceu para mudar a cultura política do Brasil e, por isto mesmo, não tem o direito de submeter-se aos cacoetes e deformações do jeito de agir dos que transformam a política numa atividade menor. Solicitamos de público ao prefeito que considere o nosso pedido de exoneração e publique na próxima edição do Jornal Oficial do Município a nossa exclusão da sua assessoria para que não paire nenhuma dúvida de que jamais aceitaríamos a condição de funcionário fantasma. E que a data dessa exoneração seja a de 1.º de abril de 2014, para que não façamos jus a proventos referentes a nenhum dia não trabalhado. Outrossim, solicitamos ao PT/Mossoró que não envolva nosso nome em nenhuma negociação quanto a cargos de secretário ou outro cargo qualquer nesta gestão ou numa futura gestão Silveira Júnior, caso ele obtenha sucesso no processo eleitoral de 4 de maio. Somos particularmente gratos ao próprio prefeito Francisco José Júnior, por nos ter dado a oportunidade de ficar fora deste processo e desta parceria. Mesmo não estando dispostos a participar deste processo eleitoral, reafirmamos nossa convicção petista e a certeza de que continuaremos lutando nas trincheiras do PT por uma Mossoró, um RN e um Brasil cada vez melhores. Na certeza de que o nosso afastamento contribui sensivelmente para que a campanha possa transcorrer conforme planejada e também para a nossa felicidade pessoal, profissional e familiar, subscrevo-me com o coração em júbilo e a consciência em paz.

PT, SAUDAÇÕES
Crispiniano Neto

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