quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Essas feridas da vida, Margaridas...

A marcha das margaridas acontece a cada quatro anos. Inspiradas em Margarida Maria Alves, paraibana de Alagoa Grande, que foi assassinada por lutar pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, mulheres de todo o Brasil vão á capital federal dizer o que querem para melhorar suas vidas margaridas. Margarida Maria Alves eu tive a honra de conhecer pessoalmente. Estivemos juntos em Olinda num encontro do CENTRU – Centro de Treinamento do Trabalhador Rural, dirigido por Mané da Conceição, outro guerreiro que perdeu uma perna em tiroteio com a polícia dos Sarney no Maranhão. Ali estavam também Lula e Paulo Freire. Desde quando conheci Margarida muitas das pautas das mulheres foram atendidas, mas faltam outras tantas. A Lei Maria da Penha passou a existir, mas a violência contra as mulheres ainda é muito forte, porque o machismo não morreu. Pelo contrário, encolheu-se um pouco por ser covarde, mas ainda não pela consciência de que amado é quem conquista e não quem subjuga; Os salários das mulheres já melhoraram bastante, mas ainda sofrem um pouquinho por discriminação, em profissões ainda tidas como masculinas, inclusive algumas de nível superior; O PRONAF mulher fez várias delas poderem ter acesso ao crédito rural e à posse da terra; A tão criticada Bolsa Família, cujo cartão bancário é feito prioritariamente em nome da mulher evitou que muitos reais destinados à boca dos filhos fosse sujar de álcool os lábios de pais irresponsáveis. Como vi Lula dizer em Angicos, quando o menino chora com fome, chora pegado na barra da saia da mãe; Os programas como FIES, Cotas e Prouni levaram uma quantidade tão grande de mulheres pobres à universidade que a repercussão disso em futuro próximo abalará, com toda a certeza os alicerces do machismo, porque milhões deles obedecerão ordens de “chefas” no trabalho. Um programa simples como o das Cisternas de placas mostra o foco de gênero, quando se constata que 90% das cisternas foram feitas em nome de mulheres. Alguém que vai ás ruas no dia 16 contra a mulher presidenta da República sabe o quanto pesa para uma mulher andar quilômetros com uma lata d’água na cabeça para pôr em casa menos de vinte litros de água de péssima qualidade? A mulher avançou muito nos governos de Lula e Dilma. Mas ainda falta avançar muito mais, porque o espaço onde ela menos progrediu foi exatamente na política. Mesmo tendo mais de 50% de mulheres na população brasileira, quadro que se reflete com os mesmos percentuais no eleitorado, apenas 10% dos cargos públicos são ocupados por mulheres. Presidente da República, como na propaganda mãe, “só tem uma”, por sinal, a primeira e uma corja imensa de homens “machistoides”, mistura de “machista” com “fascistoide” e mulheres imbecilizadas estão gastando seus poucos e atrofiados neurônios lutando, uma luta vã, porém titânica para tirar essa mulher do poder e justificar o discurso cretino de que mulher não serve para o poder. Pode?

Dissipando
O clima de golpe está se dissipando, mas os petistas não devem baixar a guarda, pois vai continuar o bombardeio com a finalidade de deixar Dilma sangrando até a eleição de 2018.

O filme é velho
O problema é que eles já usaram esta mesma tática com Lula em 2005, com o Mensalão e Lula se recuperou e ganhou a reeleição. É bom lembrar que Dilma tem gordura política para queimar à vontade, visto que não é candidata. E ainda pelo fato do seu candidato não precisar do seu apadrinhamento político.

Argentina
A impressão que a mídia brasileira vende é a de que na Argentina, ninguém quer Cristina Kirchner. Abrem-se as urnas e seus candidatos saem largamente vitoriosos. É isso que eles temem aqui. Uma coisa é o que a mídia pensa, outra, bem diferente, é o que o povo pensa. Até porque a mídia é ouvida, lida e vista por uma quantidade cada vez menor de pessoas. E acreditada por muito menos. Cada vez menos.

FotoLegenda
Nesta semana perdemos pessoas muito conhecidas. No meio do povão, ninguém mais conhecido que Miguel Mossoró e o Padre do Junco; nos meios acadêmicos Alf Schwarz, valoroso cientista europeu/canadense que se fez norte-rio-grandense e faleceu em Nísia Floresta, onde tinha um sítio. Alf era Doutor Honoris Causa da Uern. Quem quiser saber da importância deste sábio homem que nos deixou, leia o último artigo de Paulo Linhares sobre sua vida e seus valores. Vale a pena.

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