sexta-feira, 3 de julho de 2015

Nadando contra a maré

Sei que Joanna Maranhão está nadando contra a maré. Mas não há nada mais digno que discordar da maioria embrutecida e emburrecida. Não podemos nos esquecer que foi o povão, em consulta popular direta, que optou pela crucificação de Jesus Cristo; que foi o povo que linchou uma mulher há pouco mais de um ano, por bruxarias que ela não tinha feito, mas que se houvesse feito não poderia ser linchada, pois no nosso País não tem pena de morte nem julgamento sumário, sem tribunais e sem direito a defesa; que foi a massa ensandecida que pôs Hitler e Mussolini no poder para tentarem destruir a humanidade. Diariamente encontro leitores desta coluna que dizem que discordam de muito do que falo. Talvez se refiram a essas verdades absolutas que são incutidas diariamente nas cabeças na nação pela Globo e pela Veja. Não me estresso. Infeliz eu estaria se estivesse repetindo estas fontes de mentiras e bandidagens para, demagogicamente agradar a leitores que discordam de mim. A nadadora pernambucana Joanna Maranhão, que representará o Brasil nos Jogos Pan-americanos, de Toronto neste mês, desabafou em seu Facebook sobre a aprovação da redução da maioridade penal na Câmara dos Deputados e as manobras de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para passar a matéria. Em vídeo postado em seu perfil pessoal nesta quinta-feira (2), ela se diz contra a medida e afirma: “Vou defender o meu país, mas não vou estar representando essas pessoas que batem palma para Feliciano, Bolsonaro, Eduardo Cunha, Malafaia. Não são vocês que estou representando. A torcida de vocês não faço questão nenhuma de ter.” “Hoje acordei para trabalhar, para treinar, porque o Pan-americano está chegando aí e estou indo representar o Brasil pela quarta vez. Mas não consigo simplesmente dissociar a representatividade de eu estar vestindo a camisa e a bandeira do Brasil em um evento da América e a política do meu país. Acho que são coisas entrelaçadas. Já é a segunda vez que amanheço e tomo conhecimento dessas manobras criminosas que Eduardo Cunha tem feito no Congresso, e sinto um desgosto muito grande”, considerou Maranhão. A nadadora ainda questionou a efetividade da redução da maioridade penal. “Vou fazer outro vídeo daqui a uns dez, quinze anos, para perguntar a vocês se essa medida de hoje, de redução da maioridade penal, resolveu alguma coisa. Tenho certeza que não”, finalizou.

Recife
Voltando feliz de Recife, onde fiquei um dia inteiro fazendo visitas a escolas públicas que adotam livros de nossa autoria. Um excelente trabalho de encontro dos alunos com os autores, que acontece frequentemente através da Editora Imeph.

Maioridade x Responsabilidade
Somente os analfabetos jurídicos e os cretinos mais demagogos desconhecem ou fazem que desconhecem que existe uma diferença entre maioridade penal e responsabilidade criminal e que na lei brasileira existem as duas. A maioridade penal aos 18 anos e a responsabilidade criminal a partir dos doze anos. Mas não tem nada mais doloroso que discutir com quem não tem cultura nem caráter.

Poesia
Tempo de reflexão. Tempo de ouvir O Meu Guri, do mestre Chico Buarque:  “Quando, seu moço, nasceu meu rebento / Não era o momento dele rebentar / Já foi nascendo com cara de fome / E eu não tinha nem nome pra lhe dar / Como fui levando não sei lhe explicar / Fui assim levando ele a me levar / E na sua meninice, ele um dia me disse /Que chegava lá / Olha aí! Olha aí! / Olha aí! / Ai, o meu guri, olha aí! / Olha aí! /É o meu guri e ele chega / Chega suado e veloz do batente / Traz sempre um presente pra me encabular / Tanta corrente de ouro, seu moço / Que haja pescoço pra enfiar / Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro / Chave, caderneta, terço e patuá / Um lenço e uma penca de documentos / Pra finalmente eu me identificar / REFRÃO / Chega no morro com carregamento / Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador / Rezo até ele chegar cá no alto / Essa onda de assaltos está um horror / Eu consolo ele, ele me consola / Boto ele no colo pra ele me ninar / De repente acordo, olho pro lado / E o danado já foi trabalhar / Olha aí! / REFRÃO / Chega estampado, manchete, retrato / Com venda nos olhos, legenda e as iniciais / Eu não entendo essa gente, seu moço / Fazendo alvoroço demais / O guri no mato, acho que tá rindo / Acho que tá lindo de papo pro ar / Desde o começo eu não disse, seu moço! / Ele disse que chegava lá / Olha aí! Olha aí! / REFRÃO (Bis)”

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