quarta-feira, 8 de outubro de 2014

E o gigante era um monstro

Muito se discutiu sobre os movimentos de rua, de junho de 2013. Muitos acreditaram ser a redenção do Brasil, a verdadeira democratização, o despertar do gigante. Enfim, um movimento sério com sérias consequências. Infelizmente, o que se seguiu às grandes manifestações que encheram as ruas, escolas, campos, construções de mais de 350 municípios grandes e médios, não nos deu tanto alento. Vimos a presidenta Dilma lançar uma agenda cinco pontos que iam de encontro aos anseios dos manifestantes, mas não os vimos mais irem às ruas. Somente os black-blocs continuaram dando o tom da prosa com o pior comportamento que se pode esperar de quem está a contestar o que está errado. A Câmara Federal boicotou sob a presidência do nosso conterrâneo Henrique Eduardo, não só o plebiscito como toda a perspectiva de reforma política séria. Suas manobras levaram ao parto, quase aborto de um rato pela montanha. Agora, as urnas. O que se esperava? Um grande avanço para a esquerda de Dilma, a vitória de candidatos com propostas mais avançadas que as que são permitidas ao PT defender diante do pesado jogo político em que vive o partido enredado para manter a governabilidade. Mas o que veio? O ódio no discurso e nas atitudes. Uma campanha estúpida e inválida e Marina da Silva desdizendo até o que não tinha dito, mas estava implícito no seu perfil de candidatura que se arvorava melhor que “tudo que está aí”. E uma campanha de Aécio Neves, que temos que reconhecer, surpreendeu nas urnas, e cuja bandeira principal era “derrotar o PT”, mesmo que não apresentasse nenhuma proposta para chamar de sua, e quando as fez, foi a dizer que vai manter as propostas, projetos e programas que o PT vem implantando há doze anos e que seu partido nunca implantou quando foi poder central por oito. Não bastasse essa performance paupérrima nas urnas, o Brasil do dito gigante que acordou, elegeu com votações expressivas Jair Bolsonaro, Moroni Torgan, Marcos Feliciano e outros trastes da vida nacional que se enquadrariam divinamente, ou seria satanicamente? No figurino de um líder da estirpe de Hitler ou Mussolini. Foi mesmo o gigante adormecido do Hino Nacional, que acordou ou foi a Caixa de Pandora que se abriu e soltou um monstro, talvez um Conde Drácula vampirizado em sede de sangue ou um Frankenstein que junta pedaços de Marina a Bolsonaro ou – quem sabe? – todos os anjos caídos que saíram autorizados por Deus para que o mal possa continuar existindo para fazer o contraponto e ressaltar as virtudes do bem? Os dias vindouros dirão. 

Eixos perversos
Numa entrevista à prestigiada revista Fórum o cantor, compositor e secretário de Cultura do Estado da Paraíba, Chico César disse uma verdade irrefutável. Vejamos na nota seguinte:

Eixos perversos II
“O desejo de aprofundar as diferenças regionais e sociais ao invés de tentar dirimi-las, de criar ‘ilhas de prosperidade’ cercadas de Brasil por todos os lados e estimular suas vocações para fazer parte do “primeiro mundo”, isolando-as do resto do país, tem sido um dos grandes eixos perversos do pensamento e da prática neoliberal capitaneados pelo PSDB. E eles não se conformam com o fato do PT ter conseguido fazer o Brasil crescer e também melhorar muito do ponto de vista social, pois justiça social sempre esteve na vida deles como empecilho e não como fator de desenvolvimento.

Decepções
São incontornáveis as decepções de importantes lideranças que apoiaram Henrique Eduardo Alves no primeiro turno. Vai botar sangue pela boca, para manter o mesmo grupão de apoio. Além de muitos compromissos não cumpridos, fala-se de outras coisas mais cabeludas.

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