sexta-feira, 17 de abril de 2015

Tesoureiros de partidos: A uns o 'Caixa 2' aos outros, a 'Caixa Prego'

Um tesoureiro do PT foi preso, execrado, teve os direitos cassados e foi para o ostracismo. Era Delúbio Soares. Tudo o que se provou contra ele, foi que ele fazia “Caixa 2”, um crime eleitoral que deveria mesmo ser punido, porque é crime. Mas esta mesma condição deveria valer também para os tesoureiros dos outros partidos. E não vale. É evidente a existência de um pacto de inimputabilidade de não petistas por mais bandidos que sejam. Leia-se a nora sobre o deputado gaúcho, Jorge Pozzobom, nesta mesma coluna. Todo mundo sabe que o Caixa 2 de campanha é uma prática comum, escrachada, feita nas barbas da Justiça Eleitoral e do Ministério Público Eleitoral. E nada se faz contra quando o criminoso não é petista. Agora outro tesoureiro do PT está preso, sem que reste nada provado, ao menos por enquanto; sem que tenha se negado a dar depoimentos onde quer que seja, sem que tenha ao menos insinuado fugir do País ou dificultar qualquer investigação. Uma prisão meramente espetaculosa, justo no dia em que a CUT foi às ruas lutar contra a avacalhação dos direitos trabalhistas conquistados ao longo de todo o século passado. Uma prisão tão pirotécnica quanto a de Delúbio, Genoino e José Dirceu, no Dia da Proclamação da República, de dois anos atrás. Por onde andarão os tesoureiros do PSDB de Aécio e FHC, do DEM de Agripino e Caiado, do PMDB de Cunha e Renan, do PPS de Roberto Freire, do SD de Paulinho da Força e da campanha de Eduardo Campos e Marina da Silva? Nenhum deles na cadeia, nenhum sendo investigado, mesmo que o do PSB não tenha explicado a origem do dinheiro do jatinho de Eduardo Campos que se acidentou e o vitimou dando lugar a Marina da Silva que, como candidata a vice, andava no mesmo avião. Mesmo que Paulinho da Força seja investigado por crimes vários... Do PSDB? Vejamos: Entre os nomes de políticos citados nas contas secretas do HSBC na Suíça consta o do empresário Márcio Fortes, primeiro vice-presidente do PSDB-RJ; ex-tesoureiro de FHC e José Serra, que nunca declarou ao TRE-RJ a existência de suas três contas internacionais; em 2000, ele foi a pessoa física que mais doou ao partido; durante a campanha de Serra à Presidência, em 2002, Fortes usou notas frias e o PSDB chegou a ser multado em R$ 7 milhões; o político tucano também foi capa da revista Exame, como o presidente do BNDES que incentivava as privatizações; além dele, também foram citados no caso o ex-prefeito de Niterói Jorge Roberto Silveira (PDT-RJ), o bilionário Lírio Parisotto, suplente de senador pelo PMDB-AM, duas irmãs do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) e os filhos do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB-MG). Quanto ao tesoureiro do DEM, será que não estava ligado à propina de um milhãozinho de reais que Agripino recebeu na Operação Judas, bem ali em Natal? O do PMDB não teria nada a ver com o dinheiro encontrado no carro de Henrique, que transitava em Brasília com uma mala preta recheada de notinhas azuis? Está registrado que das doações das empresas investigadas na Operação Lava Jato, o PMDB abocanhou 43%, o PSDB ficou com 36% e o PT com 35%. Quer dizer: Ou todos estavam certos e nenhum dos tesoureiros deveria estar preso ou todos cometeram crimes e pelo menos esses três tesoureiros deveriam estar nas garras do Dr. Moro. Mas... A cada dia fica mais claro que o combate à corrupção é uma mentira. Combate de verdade, existe ao PT. Só ao PT. Aos tesoureiros dos outros partidos, fica liberada a verdade do Caixa 2. Aos tesoureiros do PT, a metáfora da Caixa Prego...

O crime
O site 247 fez um excelente resumo da “ópera”. A direita partidária, composta por PSDB, DEM, PPS e SD e outros legendas de menor expressão, parece que decidiu partir para uma cartada final na ofensiva golpista iniciada logo após as eleições presidenciais de outubro passado. Derrotada pela quarta vez consecutiva nas urnas, ela já: 1. Pediu recontagem de votos e foi desmoralizada pelo TSE; 2. Questionou as contas da campanha vitoriosa e também foi derrotada pela Justiça; 3. Tentou impedir a posse de Dilma Rousseff e foi ridicularizada; 4. Ajudou a convocar e participou das marchas organizadas por agrupamentos fascistoides, mas as marchas mínguam em vez de crescer; 5. Diante do fracasso destas investidas, agora o consórcio PSDB-DEM-PPS-SD anuncia que pedirá formalmente o impeachment da presidenta reeleita pela maioria dos brasileiros e há até quem proponha a cassação do registro do PT, como fizeram com o PCB na década de 40. Procura-se desesperadamente “o crime” de Dilma e não se acha. Então... 

O Clima
Busca-se agora, a todo custo criar “o clima”. Pois foi com “o clima psicológico” que trocaram Cristo por Barrabás, que mandaram enforcar e esquartejar Tiradentes e amaldiçoar-lhe até a quinta geração, que “suicidaram” Getúlio Vargas, que “renunciaram” Jânio, que “ausentaram” Jango até poder-se declarar a vacância do cargo. O próximo passo deles, só depende do PT e dos movimentos sociais. Se estes fraquejarem, eles vão para cima; se endurecerem o cangote, eles se acovardam.

“Pouso” ótimo
O deputado estadual Jorge Pozzobom, do PSDB do Rio Grande do Sul, disse no Facebook, uma frase que poderia deixar revoltado o Poder Judiciário brasileiro. Infelizmente não deixa. Poderia matar de vergonha aquele poder. Infelizmente não mata. E deixa revoltado nem mata de vergonha o Judiciário, porque infelizmente é verdade o que ele disse: Vinícius me processa. “Eu entro no Judiciário e por não ser petista não vou preso”. Quer dizer, não precisa mais nem disfarçar.

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